OMS pede que
governos combatam resistência a antibióticos
A Organização
Mundial da Saúde (OMS) dá dois anos para que governos de todo o mundo
estabeleçam planos para combater a resistência a antibióticos, um fenômeno que
se transformou em uma "ameaça global". Doenças que eram curadas com
relativa facilidade até há pouco tempo podem voltar a matar cerca de 10 milhões
de pessoas até 2050 se nada for feito e, nesta terça-feira, 26, a agência de
saúde da ONU aprovou um plano para tentar reverter essa tendência.
Os dados apontam
para um cenário alarmante: pelo menos sete bactérias diferentes, responsáveis
por doenças como pneumonia, diarreia ou infecções sanguíneas, começam a ganhar
resistência. Ao menos dois produtos usados até hoje já não funcionam em metade
da população, entre eles o antibiótico contra infecções urinárias causadas pela
bactéria E. Coli.
Em 2013, a OMS
calculava que 480 mil novos casos de tuberculose foram detectados por conta da
resistência aos remédios, em mais de cem países. No caso da malária, a entidade
considera a resistência como uma "preocupação urgente de saúde
pública", diante do impacto em regiões inteiras.
Para a OMS,
antibióticos se transformaram no pilar do desenvolvimento da Medicina no século
20. Mas chegou o momento de agir para não perder o que o mundo atingiu. Numa
era "pós-antibiótico", a realidade é que muitos morreriam de doenças
que já foram controladas.
Pelo plano
aprovado, os governos terão até 2017 para desenvolver e mostrar para a OMS que
colocaram o assunto como prioridade em suas agendas. A entidade também insiste
que o plano precisa tocar não apenas a saúde humana, mas também a animal. Para
países com ampla produção de carnes, como o Brasil, a mensagem é clara de que
todos os setores terão de agir.
O plano da OMS
ainda estabelece cinco objetivos : incrementar a conscientização e o
conhecimento sobre a resistência, ampliar as pesquisas pelo setor privado,
reduzir as incidências de infecção e otimizar o uso de remédios, principalmente
antibióticos.
Pressa
Ao ver aprovado
o plano, a diretora da OMS, Margaret Chan, chegou a cantar diante da plenária,
comemorando a atitude. Mas para especialistas, as medidas podem estar chegando
tarde demais. "Corremos o risco de estarmos agindo tarde", declarou
Sally Davies, conselheira médica do governo britânico e que liderou os debates
sobre o plano.
De acordo com
ela, 25 mil pessoas já morrem de infecções causados por bactérias resistentes,
apenas na Europa. Jim O’Neill, ex-economista chefe do Goldman Sachs, chegou a
produzir estudos que indicam que os custos de uma nova geração de bactérias
poderiam ultrapassar a marca de US$ 60 trilhões em 40 anos.
Fonte - ESTADÃO.COM