segunda-feira, 17 de outubro de 2011

QUALIDADE DA GESTÃO EM HOME CARE


QUALIDADE DA GESTÃO EM HOME CARE

Por Paulo Roberto de Sales*

Iniciativas fundamentais têm sido percebidas nas instituições de saúde evoluídas, a exemplo do incremento na profissionalização do gerenciamento nas diversas esferas de governo e de operação, como base para o desempenho e a sustentabilidade. Esta matéria sugere um raciocínio no qual o gerenciamento da qualidade pressupõe, como antecessora e fator de sucesso, a qualificação da gestão em seus contornos.

Diante da complexidade do empreendimento “assistência em domicílio”, a qualidade da gestão figura como elemento decisivo para o desempenho desta modalidade de atenção, cuja síntese será exposta em seguida. Vale perceber os termos seguintes: “No hospital, o acolhimento do lar. Em casa, a segurança do hospital” (Enfª Márcia Bráz, em palestra no Congresso Internacional de Acreditação – 2011).

Para favorecer a percepção do empreendimento, destacam-se os aspectos seguintes:

O MERCADO – naquela ocasião, Márcia Bráz contabilizava no Brasil tem cerca de 200 organizações prestadoras de atenção domiciliar; em média, 60.000 pacientes atendidos nos programas; e em torno de 30.000 profissionais trabalhando nesta atividade.

PERFIL DO CLIENTE DA MODALIDADE HOME CARE - nos pacientes destes programas destaca-se a participação de idosos com doença de base, em gradativo avanço, potencial letal e sujeitos a patologias paralelas. Isto os mantém em leitos, com emprego de tecnologia, debilitados sob o aspecto nutricional e consumindo múltiplos medicamentos.

DESAFIOS PREVISÍVEIS - Considerando que a atuação predomina em unidades remotas à instituição prestadora, em domicílios distintos física e geograficamente, há desafios conhecidos a gerenciar, tais como: compreender o cenário no ambiente do cliente – seu domicílio, os hábitos e demais agentes de influência; importância da capacitação dos familiares para a lida com a situação e o cabedal das instituições para atenderem adequadamente à multiplicidade de casos; adequar permanentemente os processos; potencializar os talentos humanos e as boas práticas, em protocolos formais, para superar a escassez de profissionais prontos; garantir o trabalho em equipe, diante de métodos de trabalho uniformes – a disciplina funcional; gerenciar contratos quanto à atuação dos parceiros, em sintonia e seguindo padrão de qualidade similar; fortalecer a comunicação; monitorar as relações em vínculos empregatícios, os aspectos jurídicos e trabalhistas; e gerenciar grade de indicadores para a aferição do desempenho institucional.

ELEMENTOS PARA GESTÃO - Revendo o negócio das instituições de atenção domiciliar, há ferramentas de ponta para a qualificação institucional a partir da profissionalização das atividades de gerenciamento, de seus gestores, mesmo aqueles aplicados na assistência direta. O processo de acreditação, por exemplo, favorece o trato de perspectivas, tais como: singularidade de cada cliente/paciente e de cada ambiente; alto grau de interdependência entre as atividades, seus executores e os usuários; controle administrativo reduzido, sobre a prática profissional; difícil orientação do processo sucessório; exígua tolerância para admitir ou cometer erros; alta especialização e diversidade de profissionais; capitalização do conhecimento gerado e as ações inovadoras; regularidade dos programas de capacitação de gestores e da gestão; complexidade do sistema de comunicação/subjetividades de entendimentos; protocolos para redução de riscos, prevendo o gerenciamento remoto característico; e garantias formais para a continuidade do atendimento. O reconhecimento internacional significa uma importante evidência da qualificação do empreendimento e sua lógica de comparabilidade aos padrões exigidos às entidades de saúde.

Neste contexto, as pessoas são um elemento crítico do processo, mediante suas posturas, os valores pessoais, o humor e os hábitos, por exemplo, influenciando a conduta técnica. O processo de acreditação, como ferramenta de qualificação da gestão, favorece análises imparciais e soluções fundamentadas em conhecimento técnico sobre este tema, motivando adequação de posturas e bom senso.

Paulo Roberto de Sales é Gestor de Sistemas de Saúde e atua como Consultor em Processos de Educação para Acreditação Consórcio Brasileiro de Acreditação/Joint Commission International. Formação no MBA Saúde – COPPEAD/UFRJ; Pós-Graduação Gestión Sanitária – Universidade de Barcelona; e Pós-Graduação em Gestão do Ambiente - UNIRIO