segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Segurança do paciente: número de mortes por eventos adversos ainda é grande



“Os números de eventos adversos são assustadores.” Foi essa a conclusão do médico José de Lima Valverde, Coordenador de Acreditação para Planos de Saúde do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA), que representou a instituição no III Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente: Erros de Medicação, realizado em setembro, em Ouro Preto, Minas Gerais.
Especialistas internacionais revelaram que ocorrem cerca de 195 mil mortes por ano nos Estados Unidos, devido a erros que poderiam ser prevenidos, principalmente aqueles referentes a erros de medicação e a eventos sentinela ocasionados por falhas nas distintas fases do gerenciamento e uso de medicamentos. A questão já tinha sido levantada no final de 1999, pelo Institute of Medicine (IOM) que publicou dados do Harvard Medical Practice Study realizados na década anterior, que mostraram que entre 44000 e 98000 americanos morrem, a cada ano, vítimas de erros relacionados à saúde, o que seria equivalente à queda de um jumbo por dia, nos USA.
O representante do CBA apresentou os padrões e as metas internacionais de segurança do paciente preconizada pela Joint Commission International (JCI), representada com exclusividade pela entidade no Brasil. Valverde assinala que essas recomendações estabelecem medidas que visam à segurança de medicamentos, em toda a cadeia do sistema: seleção, aquisição, armazenamento, dispensação, administração e monitoramento. “Em todas estas fases o Manual de Padrões recomenda a elaboração e implantação de políticas, procedimentos e processos específicos e transdisciplinares”, valoriza.
Segundo Valverde, os hospitais acreditados pela JCI/CBA levam vantagem no quesito segurança do paciente, já que a acreditação internacional recomenda que sejam previamente definidos seus riscos assistenciais e ambientais, criados a gerência e gerentes de riscos, o estabelecimento das ferramentas de previsibilidade de risco, definido os eventos sentinela, por exemplo. “Os hospitais acreditados pelo CBA realizam análise de causa-raiz quando estes ocorrem, monitoram a qualidade assistencial por indicadores e, sobretudo, investem em educação continuada e treinamento de seus colaboradores. Além disso, utilizam as falhas como uma oportunidade de melhoria, ao contrário do viés punitivo”, ressalta o coordenador do CBA. “Zerar erros não nos parece possível mas, certamente, aqueles que não implantarem medidas efetivas de segurança terão zeros acrescidos aos seus números, indubitavelmente. A grande questão é que a maioria dos hospitais, não monitora e, portanto, desconhece seus erros”, ressalta Valverde, dizendo ainda que os hospitais acreditados educam e treinam seus colaboradores para a identificação correta do paciente, antes da administração de medicamentos ou da realização de procedimentos, utilizando, pelo menos, duas formas de identificação que não sejam o número do quarto ou do leito, valendo-se do nome completo e data do nascimento ou do número do registro. José Valverde também chama atenção para a educação dos pacientes e familiares para que saibam quais perguntas devem fazer aos profissionais de saúde, antes de aceitarem e se submeterem a procedimentos, incluindo o consentimento informado. “O monitoramento de eventos adversos é fundamental e, os hospitais acreditados estimulam seus colaboradores no sentido de informarem a gerência de qualidade, eventos que tenham ocorrido”, afirma.
Valverde ressaltou que no evento foram abordadas ainda diversas questões relevantes, como o papel do farmacêutico clínico, a interdisciplinaridade do processo de gestão e uso de medicamentos, a adequada prescrição médica, orientada por políticas, a dispensação e preparação de fármacos, a questão do controle de eletrólitos concentrados e de medicamentos de alta vigilância.

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